A História da Cartografia

24/02/2011 22:15

 

A HISTÓRIA DA CARTOGRAFIA

 

A Origem:

O homem, desde os mais remotos tempos o homem procurou um meio de registrar sua passagem pelos lugares, ou delimitar seus territórios. Os mapas foram a primeira forma de expressão utilizada, surgindo antes mesmo da escrita.
Os povos primitivos deixaram, registrados em cavernas, desenhos, que até hoje não tiveram seu significado totalmente desvendado. Como exemplo, pode-se citar as figuras rupestres encontradas no Vale do Pó, norte da Itália, em especial na cidade de Bedolina, onde hâ um mapa representando toda uma organização camponesa mostrando detalhes de atividades agropastons ali desenvolvidas por volta de 2400 anos antes de Cristo.

Com a formação das primeiras civilizações, os mapas foram adquirindo cada vez mais importãncia, passando a desempenhar não apenas uma função mais prática, como representar os conhecimentos sobre determinada região. mas também passavam a ter um valor simbólico, representando poder e domínios.
O mapa mais antigo, já encontrado, teria sido produzido pelos babilônios, por volta do ano 2500 a.C. Confeccionado sobre uma placa de argila cozida, o mapa mesopotâmico de Ga-Sur representava o vale de um rio, provavelmente o Eufrates.

 

 

O Mundo Clássico:

A Grécia antiga, considerada o berço da civilização ocidental, foi fundamental no desenvolvimento das ciências, da filosofia e das artes em geral. Já no século VI aC., suas expedições militares e de navegação, impulsionaram os trabalhos de cosmógrafos, astrônomos e matemáticos, os primeiros a buscar métodos científicos capazes de representar a superfície terrestre.

 Dentre os personagens mais importantes. pode-se citar Erastótenes (275-194 a.C.) e Cláudio Ptolomeu (9O168 d.C.). O primeiro foi filósofo, astrônomo e matemático da escola de Alexandria, responsável pelo cálculo da circunferência da Terra, usou como referència a altura angular do Sol e a distância entre as cidades de Alexandna e Siena, chegando ao valor de 110 Km, muito próximo do valor verdadeiro que é 111 Km.

 Enquanto os gregos experimentavam um grande avanço na área da Cartografia. os romanos ainda se encontravam em uma estágio anterior. Utilizando-se de uma forma de representação muito primitiva, situavam Roma como centro do mundo e davam maior ênfase ao registro de rotas. A função principal desses mapas era de ordem prática, sendo utilizados para fins militares, administrativos e comerciais.
Um dos mais famosos mapas romanos foi elaborado por Marcus Vipsanius Agripa (63.12 a.C.) a pedido do Imperador Octavio Augusto Situado no Campo de Marte, em Roma, o “Orbis Terrarum”, mostrava com detalhes todas as rotas do Império Romano e incluia muitas outras informações. Este mapa chegou a ser reproduzido em outras importantes cidades do Império mas, não foram preservados.

A Idade Média:
Durante a Idade Média, periodo que se estendeu da queda do Império Romano (476 d.C.) a tomada de Constantinopla (1453 d.C.), a Cartografia experimentou uma fase de estagnação, onde todas as conquistas cientificas realizadas anteriormente, foram substituidas por uma rep.’esentação simbólica, de caráter religioso.
Isodoro (570-636 d.C.), bispo de Sevilha, criou o mapa etimologias, também conhecido como mapa T no O. Este mapa esquemático tinha o seguinte significado: o ‘T representava os três cursos d’água que dividiam o ecúmero, sendo esses o Mediterrâneo, que separa a Europa da África; o Nilo, separando a Africa da Ásia; e o Don, entre a Asia e a Europa. O ecúmero teria sido dividido por Noé entre seus três filhos após o Dilúvio. Além disso, o “T" também simbolizava a cruz e na sua junção estaria localizada Jerusalém. centro do mundo. Esses mapas, em sua maioria, eram circulares e emoldurados por um grande oceano.

 

 

A Era dos Descobrimentos (séc. XV a XVIII)

A partir de 1413, com o inicio das grandes viagens marítimas, a Cartografia ressurge como meio de garantir a segurança dos viajantes
e representar as novas descobertas Foi muito importante nessa época a “Escola de Sagres’, em Portugal, onde eram treinados os pilotos e
cosmógrafos.
Os navegantes costumavam carregar consigo anotações. onde eram registrados os rumos (direções) e as distâncias entre os portos visitados. Provavelmente também eram feitos desenhos, cujo objetivo principal era facilitar a navegação, não possuindo preocupação com sistemas de projeções. Essas anotações receberam o nome de Portulanos ou Cartas Portulanos e buscavam traçar a costa dos continentes e em especial o mar Mediterrâneo.

Durante muitos séculos, os mapas foram um privilégio da elite. Apenas reis, nobres, alto clero, grandes navegadores e armadores de expedições marítimas, tinham acesso a esse tipo de informação. Somente a partir da invenção da imprensa, na segunda metade do século XV, os mapas puderam ser mais amplamente utilizados.
Em 1570 surgia o primeiro grande Atlas mundial,
confeccionado por Orlelius (1527-1598), o Theatrum Orbs Terrarum”, originalmente escrito em latim, teve várias edições e mais de 7000 (sete mil) cópias impressas em diferentes idiomas. Tratava-se de um conjunto precioso de mapas. produzidos pelos mais importantes cartógrafos da época, incluindo Mercator, que em 1569 produziu o primeiro mapa-mundo com projeção cilíndrica.

Foi Mercator (1512.1594) quem pnmeiro utilizou a palavra Atlas para nomear uma coleção de mapas. Mas sua maio. contnbuição foi o sistema de projeção, que recebeu seu nome e até hoje é largamente empregado. A “Projeção Cilindrica de Mercator” surgiu com o objetivo de facilitar a navegação, oferecendo uma representação do mundo, onde uma linha reta na carta correspondesse a uma reta de igual rumo no oceano, ou seja, uma carta orientada.

Embora tenha alcançado seu objetivo inicial, a Projeção de Mercator gerou uma grande distorção nas distâncias, sobretudo na região nos Pólos, mostrando as massas continentais nessas latitudes muito dilatadas.

A Era Moderna
No inicio do século XVIII ocorre na Inglaterra a Revolução Industriar, fato que marca o começo dos tempos modernos. Sua importância para a Cartografia é grande, uma vez que, com a geração de riquezas, foi possível um maior investimento na produção de cartas e instrumentos, que melhoraram a precisão dos trabalhos. Já na segunda metade do séc. XVIII a Grã-Bretanha despontava como um grande centro de atividades cartográficas, ocupando o lugar que antes pertencia à Antuérpia.
Como exemplos de grandes nomes desta época pode-se citar John Hadley (1682.1744), responsável pela construção do primeiro telescópio refletor usado em astronomia; Joiin Hamson (1693-1776), relojoeiro que inventou um cronômetro marinho, fundamental para a solução do problema das longitudes e Jesse Ramsden (1735-1800), que desenvolveu o sextante e o teodolito.

Um grande desafio que se colocava aos cientistas modernos era o cálculo das longitudes, fundamental para por fim aos incidentes ocorridos com embarcações. Embora já se aceitasse a idéia de que a Terra não era uma esfera perfeita, ainda não se tinha como determinar com precisão sua forma e tamanho.
A fim de solucionar este problema, os reis da França e Inglaterra investiram muitos recursos e incentivaram as pesquisas desenvolvidas nos grandes centros de estudos da época, como a “Académie Royale des Sciences (1666) e a “Royal Society of London” (1662), que se apoiavam. respectivamente, nos trabalhos realizados no “Observatoire Royal de Paris” (1667), sob o comando de Giovanni Cassini (1625-1 712) e no Royal Observatory at Greenwich” (1676), coordenado por John Flamsteed (1646-1719).

Com o intuito de verificar se a Terra era mesmo achatada nos Pólos, como previra lsaac Newton (1643-1727), foram organizadas pelos franceses duas importantes expedições geodésicas. A primeira, iniciada em 1735. em Quito, buscava medir um arco de meridiano próximo ao Equador e a outra. em 1736, no Golfo de Bótnia, efetuaria medições no Ártico. O objetivo era comparar os resultados obtidos para se chegar a uma definição sobre a forma da Terra.
Os ingleses, que também efetuavam várias medições. chegaram a valores divergentes daqueles obtidos pelos franceses. Para por fim a essas diferenças, foi realizado um novo levantamento trigonométnco, entre Londres (Observatório de Greenwicti) e Dover (localizada ria costa), alcançando-se finalmente um consenso.

Atualmente, a Cartografia pode contar com valiosos recursos como, aerofotos, images orbitais, sistemas de posicionamento por satélites, programas e computadores capazes de realizar complexos cálculos matemáticos, que além de facilitar as atividades cartográficas, também possibilitam a rápida disponibilização das informações coletadas, assim como a sua mais eficiente atualização

 

 

Foto de Satélite de Além Paraíba - tirada com o programa Goglle Heart.

 

 

Fonte de Pesquisa: GEOATLAS DIGITAL DO IBGE – 2003.